sexta-feira, 20 de abril de 2012

Alívio


            Noite. Divirto-me ao contemplar as pequenas luzes acima. Estrelas. Não consigo lembrar exatamente – o quê? – porque gosto delas.

            Alto. O vento balança minha roupa e minha mente. Sinto vertigem ao vislumbrar o horizonte longínquo e o abismo abaixo.

            Escuro. Diferencio tons de preto – cinza – e afasto o medo instintivo; enxergo a luz. Pouca, mas suficiente para mensurar a profundidade que me aguarda.

            Beira. Limite entre onde estou e o voar – ou cair – livre. Limiar entre o não mais querer ser e o deixar-se ainda ser.

            Quero. Tudo me pertence. Mas por que tenho tão pouco? Como posso conseguir mais? Ora, não sei!

            Prazer. Sinto agora uma excitação. Gelado. Rápido. Escuro. Baque – tudo acaba – aos pés do penhasco.

            Riso. Seria tão fácil – ou muito difícil – aspiro o ar com força. Paro de imaginar a queda. Refreio o desejo de sair de mim. Assumo minha ignorância e incapacidade perante as coisas.

            Grito. Até doer. Dou dois passos para trás – ou seria para frente – em direção ao meu reviver. Minha alma se agita. Ainda quero viver.

            Dia...  

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