Alívio
Noite. Divirto-me ao contemplar as pequenas luzes acima. Estrelas. Não
consigo lembrar exatamente – o quê? – porque gosto delas.
Alto. O vento balança
minha roupa e minha mente. Sinto vertigem ao vislumbrar o horizonte longínquo e
o abismo abaixo.
Escuro. Diferencio tons de
preto – cinza – e afasto o medo instintivo; enxergo a luz. Pouca, mas
suficiente para mensurar a profundidade que me aguarda.
Beira. Limite entre onde
estou e o voar – ou cair – livre. Limiar entre o não mais querer ser e o
deixar-se ainda ser.
Quero. Tudo me pertence. Mas por que tenho tão pouco?
Como posso conseguir mais? Ora, não sei!
Prazer. Sinto agora uma
excitação. Gelado. Rápido. Escuro. Baque – tudo acaba – aos pés do penhasco.
Riso. Seria tão fácil – ou
muito difícil – aspiro o ar com força. Paro de imaginar a queda. Refreio o
desejo de sair de mim. Assumo minha ignorância e incapacidade perante as
coisas.
Grito. Até doer. Dou dois
passos para trás – ou seria para frente – em direção ao meu reviver. Minha alma
se agita. Ainda quero viver.
Dia...
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