sábado, 22 de setembro de 2012

O Valor de Um Diploma

     Estive pensando na forma como encaro o fim do curso de graduação em filosofia e as implicações disso em minha vida. Me dei conta que a importância do curso, bem como as coisas que aprendemos e levamos para a vida, não podem ser medidas em um diploma.
     

     Óbvio que isso é o mínimo que alguém pensaria no término de sua graduação. Mas a questão que me intriga é justamente o porquê de tanta importância num diploma universitário. No meu caso, onde o curso é composto de pessoas dispostas, com vontade e dedicação para cursá-lo, se aproveita muita coisa dos professores e do tempo de faculdade.

     Pode ser que em outros cursos o aluno se sinta pressionado a acabar logo, sinta que a faculdade não ensina nada, que basta ter o diploma para poder se nomear um profissional de sua área. Isso não ocorre na filosofia. Pelo contrário, eu tenho colegas de graduação que são filósofos plenos, não precisariam de um papel para confirmar isso.
     Humildemente tenho a pretensão de me colocar nesse seleto grupo. De tudo que ouço, leio, aprendo, percebo e raciocino, a maioria dos colegas será composta de bons educadores, comentadores e eruditos, mas não filósofos. Para eles o diploma terá valor, será algo palpável e engrandecedor.
     Não que eu desmereça o valor que o diploma têm, não é isso. Eu apenas percebo que ele só serve aos que dele nada sabem. O diploma é importante aos que não estudaram filosofia, aos que estão de fora de nossa área, de nosso conhecimento específico. O filósofo já se sabe como tal desde o momento em que começa a pensar, raciocinar filosoficamente e independente de pressupostos e opiniões.
     Quando eu me dei conta disso o diploma perdeu seu glamour, diminuiu sua importância em meio a tantas coisas mais urgentes a se pensar e se debater. O conhecimento acadêmico é hierarquizado, organizado; na verdade, é preciso que seja assim. O diploma, os títulos, a carreira acadêmica em si e todo o processo que envolve a produção de conhecimento na área, não são filosóficos. Por isso, o diploma se faz necessário.
     O valor que os familiares, amigos, desconhecidos e tantos outros dão ao fabuloso "canudo", nada mais é do que a expectativa de que o possuidor do título seja realmente inteligente, capaz, conhecedor de sua área de atuação. E mais: ele está autorizado a ser um profissional, pelos olhos dos leigos.
     Eu quero o diploma por isso e vou valorizá-lo como um documento mundano; não me sinto mais ou menos filósofo por ele. Não deixo de ser o pensador que sou sem ele, tampouco serei melhor depois dele. O que farei em minha carreira e minha vida depende diretamente das escolhas e aprendizados que tive ao longo do curso, nas conversas de intervalo, nas mesas do bar, nas leituras não obrigatórias. Esse legado é que deveria constar no diploma, mas não é possível que seja dessa forma. 
     Formemo-nos! Que tenhamos o melhor dos diplomas possíveis: nosso próprio conhecimento filosófico!

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