terça-feira, 21 de outubro de 2014

#votonulo


     Considerando as opções às eleições presidenciais de 2014 não tenho muitas alternativas, avaliando meu apoio às tentativas de mudanças políticas pedidas pelas ruas em 2013. Há um misto de confusão e desinformação; alienação e fanatismo; consciência política e ignorância seletiva. Espero poder sintetizar em poucas palavras o que penso a respeito disso tudo.
     Tenho ouvido e lido argumentos de ambos os eleitores, tanto de Dilma quanto de Aécio, e preciso clarificar alguns pontos que me parecem importantes sobre minha opção de votar nulo:
1. Ambos os candidatos representam seu partido. Não importa se ocorrem campanhas paralelas de desvinculação do nome do candidato com o partido, eles estão ligados e, caso venham a ganhar, o partido é que acaba se fortalecendo. Para o bem ou para o mal.
2. Os dois têm propostas. Fracas e imprecisas, mas tem. Isso não significa que eu seja obrigado a gostar de qualquer uma delas a ponto de votar neles.
3. Os eleitores de ambos lamentam quando alguém se dispõe a votar nulo ou branco, como se estivesse desperdiçando o voto. Acontece que na esquizofrenia democrática que temos, travestida de sistema eleitoral, esse tipo de voto é a única alternativa pacífica de descontentamento que um eleitor dispõe! Quando se recorre a outras formas de demonstração de descontentamento (protestos, revoluções, impeachment,...) sempre há violência, depredação, feridos e até morte. Não há revolução pacífica. O voto nulo é minha opção de demonstrar de forma pacífica que nenhum dos candidatos, e nem o sistema eleitoral, me representa, exatamente o que o pessoal que mais reclamava dos protestos pedia.
4. Eu tenho coragem de declarar meu descontentamento. Não fará diferença para mim, classe média, professor, cidadão urbano, quem ganhará. Mas fará toda diferença para a maioria da população se pudermos mudar esse sistema eleitoral viciado e, em última instância, inútil. O voto nulo, se todos os descontentes votarem conscientemente, pode chamar a atenção para isso.
5. Votar no “menos pior”, ou no que vai manter certos privilégios e programas não é votar bem. Isso se chama conformismo, algo que eu não tenho. Votar em um candidato só para não anular é o mesmo que escolher a comida que se quer comer, quando na verdade nem estamos com fome.
6. Ser anti PT ou anti PSDB apenas para tirar o partido do poder denota um certo problema de entendimento do que seja política. Se não há proposta, apenas uma tentativa de retirada, pense em quem está exigindo essa retirada. Se você fizer parte do grupo que REALMENTE está sendo prejudicado, vá em frente. Senão, cuidado. Você está repetindo um discurso elitista, sendo manipulado e/ou alienado.
     Enfim, seria mais fácil me abster e nem mesmo ir votar. Mas eu notei que a mídia não divulga muito os dados dos descontentes (quase 30% de abstenções, nulos e brancos esse ano), optei por pelo menos tentar aumentar os votos nulos, que sempre aparecem na estatística. É assim que vou representar meu descontentamento com o sistema eleitoral, os partidos, os candidatos. Quem tiver coragem, que faça o mesmo. Mas, por favor, parem de se fazer de politizados repetindo discursos alheios e vontades alheias.

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